quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Paes



Saudades...
Saudade do cantar
Saudade do calar
Saudade de andar
Saudade de te cuidar
Saudade de estar ao lado sem dizer ou fazer nada...

Tristeza agridoce que não passa nunca.
Tenho um coração que quase sempre dói ao lembrar de momentos que foram e nunca mais voltam...
Perdi a vontade de escrever no meu diário,
Esqueci mais uma vez de relatar meu dia.
Sinto um nó na garganta toda vez que lembro,
As lágrimas entram sem pedir licença,sem importar com quem está lá fora...

Saudade de completar aquela canção
Saudade de consertar um erro bobo
Saudade de segurar na sua mão...


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Por entre as nuvens (Em estado de graça)

"A verdade do mundo é impalpável."
Clarice Lispector


"Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único..."
John Lennon




Desejava escrever sobre o amor de Bob Marley
Sobre as águas de março, sobre a bandeira do arco íris,
Sobre Jimi, sobre Janis...

Sentir bem de perto cada verso intenso de Lispector...
Seu paradoxo coerente,
Sua normal mente brilhante

Desejava ter o amor infinito...
Ser a Anna Julia de Camelo, a Dani de Coelho,
Joana, Camila, Aline, a garota de Ipanema...

Mas sou apenas Natália,
Que entre pesticidas e tragédias radioativas intitula uma bela canção de Renato,
O Trovador Solitário.

Desejava dançar os versos, a doçura de Vinícius, de Vercilo...
Deslumbrar o ideal de Tico, sendo luz e nessa luz me movendo
Sempre, e sempre em frente...

Desfragmentar o sonho, a paz de Lennon e Yoko,
Distribuindo ao mundo as rosas de Ana, Samuel, Noé
Ou até mesmo da morena prosa...

Desejava andar pelas areias brancas no verão de Tom Jobim
E me perder no samba de Rita, Cássia,
Diogo, Ari, Tremendão!

Espiar pelo buraco da fechadura a poesia do nosso anjo pornográfico...
Salve Nelson!
Salve Ari Barbosa, com todos seus paradoxos e bom humor.

Desejava pintar a emoção de Elis
Em meio à técnica e lágrima deslumbrava o mundo...
Desvendar a arte escondida de Bob Dylan,indo além de suas notas e contestações...

Desejava os momentos bons de Chico deixando de lado suas horas más.
Ser sobrevivente como Drummond,
Colorindo versos, saudando a boa infância, o bom amor...

Desejava a beleza, a clareza, a energia dos mantras...
Om tare tu tare ture soha!
Ter a alma imensa como Pessoa fazendo assim tudo valer apena...

Desejava a solução de cada problema
A resposta para cada pergunta
A união de todos os seres

E o mundo como um só

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tardes Cinzas

O colorido do mundo acabou,nossa sala vermelha agora está em preto e branco.Não há mais nada que eu queira fazer a não ser conseguir parar de pensar no que foi e começar enxergar o que virá...



A paz que sentia por um instante passou
A Loucura que me tomava por todos os poros deixou de ser fulgás
A dúvida que me perseguia por toda a vida caiu
A incerteza que me move todos os dias me abandonou.

Estive analisando em quantos planos esta vida foi dividida...
Quantos sorrisos foram dados para esconder a lágrima que caia,
Quantas canções foram tocadas no momento errado,
Quantos sonhos foram dispensados...
                                      Dilacerados...
                                      Despedaçados...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Esmalte Vermelho

Fagulhando desejos em cores, para o amor... que fique com as flores!




Primeiro é o olhar,
Depois o toque...
A constatação de que as peles unidas inflamam
e nesse frio que faz o seu calor acalenta,
Deve fazer bem...


Depois é o afago,
O ritmo do beijo...
A busca pelo sentir exato no movimento perfeito
Explorar cada parte ,
Encontrar o sentido inexato na flamejante exatidão.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Estigma

Junto com o tempo vem o cansaço,o aprendizado,as feridas que nunca cicatrizam...
-tens um coração estigmatizado,lutando para acreditar na ponta de esperança verde que reside em pequeninos olhos.


Meu coração cansou...
Cansou de tantos fingimentos
De desejos mal resolvidos
De juras falsas
De olhares cínicos

Meu coração cansou...
Cansou dos sonhos que perderam-se no tempo
Dos amores que dissipou no vento
Do tufão que sempre passa e carrega alguém daqui...
Da superficialidade com que o mundo vem tratando os sentimentos

Cansou dos beijos que trazem apenas casualidades...
das palavras torpes,
da falta de amor no todo que não completa nada nem ninguém...
Cansou da hipocrisia,
das tentativas em querer salvar o que não quer ser salvo

Meu coração cansou...
Cansou de chorar pelos cantos escrevendo versos no escuro
De esperar pelo o que nuca chega
De morrer de tempo em tempo
Agora ele prefere ir de vez...

Adeus.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ermo

O conflito faz parte do ser humano, a loucura também...o exagero faz parte de mim  e o sentir também. O medo faz parte do ser humano,a coragem também...a inconstância faz parte de mim e todos os paradoxos do mundo também. Entre interrogações e exclamações prossigo,tentando a coerência da minha coerência.A satisfação inatingível,o sonho perdido... A paz para o espírito,a serenidade para os momentos,a luz para o ser.
E desculpem-me o egocentrismo.




Enxerguei no vazio mais gritos do que deveria ver...
Por um momento na queda livre,pensei em mudar o começo para evitar esse fim,
Por um momento ao chão,percebi que nada deveria ter sido tocado.
Percebi que os sonhos fogem das mãos senão apertá-los com força,
que o vento quer mais é levar nosso corpo para longe de nossa alma,
Percebi que a luz caminha de acordo com a áurea...

Ontem no sonho chorei...
Tentando me salvar de uma cobra,
Tentando me salvar do caos que tá lá fora,
do caos que tenho em mim
do furacão que está aqui dentro

Pensei uma,
Agi duas,
Tentei pela terceira vez.
As lágrimas continuaram no mesmo rosto,
A tristeza e o aperto no peito continuaram no mesmo corpo,
A inquietude ao lado da mesma alma...
Meu rosto
Meu corpo
Minha alma

Sem saber por quais caminhos ao certo os sonhos vão,vou seguindo...
Sem saber por onde estou me levando,
Sem saber o que é necessário ou perca de tempo,
Sem saber nada da vida,
Sem saber nada de versos,metrificação ou rima

Hoje meus cantos mudos cessaram,
Minhas palavras mudaram de cor...
Hoje dez anos se passaram sem que eu percebesse,
Meu coração identificou o problema e simplesmente se cansou dele...
Hoje tudo falhou,
apenas falhou.
A madrugada escoa pelo ralo
Junto com cada pensamento absorto,
Junto com cada parte de um coração alado.
Hoje estou em pedaços

Hoje não tenho rimas belas,nunca tive
Hoje sou apenas mais um alguém no mundo com sonhos escondidos nas mãos...
Com lágrimas soltas nos olhos,
Com loucura o suficiente pra saltar no abismo,
Com esperança o bastante para continuar,
Com um amor que não cabe dentro de mim,
Com coragem e força para seguir só até onde aguentar...
Sem saber se esse "aguentar"é muito longe ou perto demais.

sábado, 20 de novembro de 2010

Leve Suspirar


Hoje veio a monotonia e tudo demorou a acabar...
e tudo mofou...
A solidão gritou por um segundo,
Do ar pingou uma gota de alegria com o gosto daquela música que escutava quando criança...
Desenhava nas nuvens a esperança de um sonho bom
Dançava no quintal esperando que a  chuva caísse
Soltava o balão de gás colorido para contrastar com o arco-íris
Pintava com tijolos corações para presentear cada ser...
Mas hoje tudo mofou.
Lembranças foi o que restou,
Junto ao amor que tento aguentar até onde posso...

sábado, 13 de novembro de 2010

Dual

Eles são sinônimos e antônimos.Dois em um,um em dois, sem jamais deixar de ser um. De ser cada qual o seu ser...



Entre os beijos escutei a voz longe que me chamava para perto,bem perto...

Na verdade, para dentro.
Dentro...


Senti o arrepio,o momento e movimento febril
Entre o prazer e o amor ficou o sussurro,
Ficou a dúvida do sentimento entre as línguas especiosas
Ficou o amor abandonado na cama desalinhada...


Olhos com pupilas dilatadas,
Mãos inquietas,
Pensamentos inértei ...

No entrelace das pernas,confundia as minhas com as dele,
as dele com as minhas...
nas minhas as dele e todas numa só forma
e todas num embalo só...


Mais uma vez escutei a voz quase que rouca,
mas bem perto,pouca,ao pé do ouvido...
Sentido o calor das ondas sonoras que me invadiam...Ouvi-la dizer:

-Você a mim pertence...
Nesse momento já não sabia se eram duas pessoas no mundo,
Já não sabia se eram dois seres com corações alados


Estando dentro,Eu nele,
Ele em mim,em mim ele,sem jamais deixar de ser eu,
E ele,ele...


Senti que éramos um apenas...
Arrastando as horas junto com os lençóis,
Arranhando o frio da noite escura,
Rompendo o silêncio da madrugada calada...


Sim,
Éramos um apenas, pelo menos naquela noite,
Naquele momento infindo único de muitos outros seguintes...


Adormeci nos braços dele...
Nunca duvidando que neles ainda estaria ao nascer do sol,
Nunca duvidando que a partir de então éramos um de fato
E então, mesmo com o sol estando a nascer disse-me “boa noite”,
deu-me um beijo e assim a voz pela madrugada calou.


Pelo amanhecer chamou-me de flor,e,rendido
acordou-me sussurrando antes de sair:
-Sempre estive errado sobre o tal "pertencer"... 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Só um pouco do muito...

Cai a tarde como sempre meu amor,quer dizer, como sempre não...Há tempos que não vejo o verde onde deveria,há tempos que era gostoso respirar,há tempos que as estações não tem mais cores...nessa tarde meus olhos enxergam uma realidade que não desejavam nunca ver. É assim que caminha a humanidade meu amor...

 
Meu amor,
os dias estão ficando cinza,
no mar posso ver corais que antes não via,
o ar fica mais pesado a cada dia
e os sonhos estão empacotados,sem vida...

Meu amor,
não existe mais aquela árvore com o balanço onde nos conhecemos,
no céu eu só vejo fumaça,
roubaram nosso coração de nuvem
e o azul está cortado por vários fios negros...

Meu amor,
não há mais céu estrelado e dessa vez não foi o Sol quem apagou as estrelas,
a brisa que me mandava todo o fim de tarde transformaram em ventania,
a chuva de verão em que nos amávamos secou
e hoje posso te mostrar onde foi que o mar terminou...

Meu amor,
fizeram bolsa de todos aqueles que ninavam no chão,
na sorveteria quente onde trocávamos beijos gelados,integraram o 'planeta terra' no cardápio,
estão valorizando mais a cédula do que a mãe da celulose
e assim caminham a passos largos para a destruição sem importar...

Meu amor,
todo o muito agora é pouco,
para eles nada mais basta...
não posso mais dormir em paz
não posso mais contar só com suas poesias...

Eles não enxergam as lágrimas nos corações?!
Eles não se importam com sangue derramado no chão?!

No meio de gelos derretidos,folhas secas,árvores mortas,cadáveres no chão,
o amor foi o único quem resistiu...
é a única salvação...
o amor é a única solução.
"o amor é a única revolução verdadeira"



"Quando a última árvore tiver caído,
Quando o último rio tiver secado,
Quando o último peixe for pescado,
Vocês vão entender que dinheiro não se come!"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Âmago



Vi mais tempestades do que gostaria de lembrar,enquanto o mundo difundia uma energia peculiar...
Vi verdade séptica dentro do teu olhar,enquanto as lágrimas cristalizavam-se em meu rosto...
Tinha os olhos frios e castanhos
Tinha as mãos leves e cansadas
Tinha sonhos,cores e esperanças...
Até que o céu desabou
O sol se escondeu
O mundo perdeu a cor
E tudo passou,
E tudo passou...
E tudo passou.